Super Mario Bros.
Quarta-feira é dia do quê? Dia de PIXEL DAS GALÁXIAS – a honraria que só os melhores dos melhores merecem receber! E o jogo de hoje envolve aquele que é provavelmente o mais importante personagem de videogame de todos os tempos. Quem, quem, quem?
Em 1985, Mario, o encanador italiano, não era exatamente a última bolacha do pacote. A historinha todo mundo conhece: ele surgiu como Jumpman, o protagonista de “Donkey Kong”, o arcade de 1981 que colocou a Nintendo nos Estados Unidos. Era originalmente um carpinteiro: a resolução ruim dos jogos da época forçou os criadores a vestir o personagem com um macacão (as limitações gráficas também justificam o boné e o bigode).
Jumpman tinha esse nome genérico porque era mesmo genérico – o objetivo da Nintendo era, na verdade, fazer um jogo com Popeye, mas não conseguiu os direitos a tempo (um arcade do marinheiro surgiria um ano depois). O herói de “Donkey Kong” só ganhou seu nome definitivo – Mario – na continuação de 1982, “Donkey Kong Junior”. Mas não era mais herói: agora Mario era o vilão!
Shigeru Myiamoto, o criador da série “Donkey Kong”, começou a se afeiçoar pelo Mario (ele chegou a apelidá-lo de Mr. Video, pois o objetivo era incluí-lo em todo videogame que produzisse) e em 1983 lançou “Mario Bros.”, outro arcade. Muitas novidades: Mario ganhou um irmão, Luigi; agora ambos seriam encanadores; e eles passaram a combater tartarugas (no jogo, estão infestando Nova York!). Tais características se tornariam definitivas.
“Mario Bros.” foi portado para inúmeros consoles, entre eles o Famicom, o videogame de 8 bit que a Nintendo lançou naquele ano no Japão. Foi um sucesso somente moderado, nem de longe tão marcante quanto o de “Donkey Kong”. Mario ainda não havia alcançado fama e fortuna (e mulheres?). Isso só aconteceria em 1985, no lançamento do Nintendo Entertainment System, a versão americana do Famicom, para o qual Shigeru Myiamoto criou “Super Mario Bros.”. Era o quarto jogo do bigodudo e, agora sim: foi um estouro, uma explosão nuclear, uma supernova.
Incluído em um dos pacotes do NES, “Super Mario Bros.” se tornou o jogo mais vendido de todos os tempos e conquistou absolutamente todo mundo. Iniciou-se uma era de euforia. Crash dos videogames? Coisa do passado. Com Mario e seu irmão Luigi, o futuro dos jogos eletrônicos estava garantido! Como não ser otimista? Depois de vários anos por baixo, pela primeira vez um console passava os computadores – na verdade, em dois anos de mercado o NES já tinha vendido mais do que o Commodore 64 em toda sua história.
(O Nintendinho vendeu 62 milhões de unidades em seus 10 anos de vida, mais do que todos os outros consoles de mesa da Nintendo – à exceção do Wii.)
Vendas astronômicas à parte, por que “Super Mario Bros.” é tão importante? Além de ser incrivelmente divertido até hoje, é uma revolução em termos de gameplay. Ao contrário do que acontecia nos jogos anteriores, em “SMB” Mario está em um cenário que não cabe inteiro na tela. O jogador precisa andar para a direita para explorar o ambiente e avançar no jogo. Isso parece bobo hoje, mas o advento do side-scrolling mudou completamente a história do videogame.
Boa parte das features que definem a franquia “Mario” surge neste “Super Mario Bros.”: Mario cabeceia blocos e coleta itens que vão desde cogumelos-do-crescimento a estrelas-da-invencibilidade, passando por moedas, flores que lhe dão poderes e cogumelos de vida extra. O objetivo é salvar a princesa, que nunca está no castelo que acabamos de invadir – salvo o oitavo e derradeiro, que encerra a jornada.
Em “Mario Bros.”, estranhamente Mario era mais fraco que as tartarugas que combatia: precisava atingir duas vezes cada inimigo para matá-lo, mas morria com apenas um toque. Em “Super Mario Bros.” a lógica se inverte, graças ao engenhoso mecanismo do cogumelo – grande, o jogador não morre ao ser atingido, somente volta ao tamanho anterior. O Mario grandão, que suporta dois hits, é o ~Super Mario~ (daí o nome do jogo) e a mudança no tamanho virou marca registrada da série.
Outra invenção de “Super Mario Bros.” que se perpetuou foi o modo de ataque: Mario pula sobre os inimigos. Não é uma manobra comum – em geral, em videogames golpeamos ou atiramos nos vilões. Pular sobre goombas e troopas é tão gostoso que, após algumas partidas de “SMB”, passamos a achar que todo jogo deveria ser assim. Além disso, “Super Mario Bros.” introduziu o uso de um inimigo derrotado como arma: depois de pular sobre a tartaruga é possível pegar seu casco e atirar sobre os demais personagens. Incrivelmente original!
Só pra encerrar: a música! Certamente Koji Kondo criou o tema mais famoso de toda a história do videogame. Por quê diabos é um calipso, ninguém sabe. Mas aposto que você consegue assobiá-lo inteiro se eu pedir agora 😉
Por essas e outras, nenhum outro jogo merece mais o troféu PIXEL DAS GALÁXIAS do que “Super Mario Bros.”. Dá uma olhada no gameplay abaixo e, se lágrimas de emoção começarem a cair, não tem problema. A gente deixa.
(Toda semana um jogo inoxidável é escolhido para receber o troféu PIXEL DAS GALÁXIAS, o maior título da humanidade depois da Copa Pelé de Futebol Master.)