Battletoads
As três fases mais famosas da história do videogame, seguidas pelas dez menos jogadas de todos os tempos. Esse é “Battletoads”, para Nintendinho, de 1991, provavelmente o jogo mais FODA ever. Foda em vários sentidos: foda por seu gameplay incrivelmente divertido, variado e original; foda pela música impressionante de David Wise (o mesmo de “Donkey Kong Country”); e foda pela dificuldade lendária. 24 anos depois, ainda tem nego que nunca viu a fase 4, a “do gelo”. Pois é.
“Battletoads” é o exemplo mais bem-sucedido de YATMNTRO: yet another Teenage Mutant Ninja Turtles ripoff. A ideia era exatamente criar um clone das Tartarugas Ninjas, que no início dos anos 90 faziam um sucesso danado. Ao invés de começar nos quadrinhos ou na TV, os Battletoads surgiram no videogame. No lugar de quatro tartarugas com nomes de pintores italianos liderados por um rato, três sapos com nomes de doenças de pele guiados por um abutre. Os sapos não usam armas, mas seus socos e chutes se transformam em marteladas e botinas gigantes. A atitude despreocupada, cool: exatamente a mesma. Quem não era assim em 1991?
Como classificar “Battletoads”? Com alguma dificuldade dá pra dizer que é um jogo de luta, estilo “Double Dragon”, mas as fases são tão variadas que o gameplay clássico de beat’em up escapa boa parte das vezes. Logo na primeira fase, após esmagarmos alguns inimigos, somos instados a atirar pedras em um robô gigante através do qual enxergamos a cena – o primeiro e único caso de Second Person Shooter! A segunda fase substitui o sidescroll esquerda > direita por um movimento vertical cima > baixo. E a terceira mescla um pouco de pancadaria com uma corrida de obstáculos, com velocidade crescente e dificuldade assustadora.
É nesse momento em que os joysticks retangulares do NES voaram mundo afora.
Você pode não ter visto, mas as fases seguintes são ainda mais criativas: plataformas geladas e escorregadias; uma sessão de surfe; uma corrida de jatinho; um grande labirinto ofídeo; uma descida enloquecida num elevador; uma corrida de moto; uma escalada na torre. Nenhuma das 13 fases é igual à outra, nenhuma etapa é mais fácil ou mais difícil que as demais. “Battletoads” é, na melhor das hipóteses, a enciclopédia do gameplay; na pior, uma coletânea de minigames. Amo loucamente.
O jogo pertence à última geração de jogos do NES – na verdade, o Super Nintendo estava para ser lançado. Isso fica evidente: tanto os gráficos quanto a música mostram que os desenvolvedores sabiam explorar ao máximo as capacidades do console. “Battletoads” foi uns dos primeiros jogos de destaque da Rare, a mesma de “Donkey Kong Country” e “GoldenEye 007”. Depois ela foi comprada pela Microsoft e passou a produzir títulos como… “Kinect Sports”.
Para mim, o “Battletoads” do Nintendinho é o jogo perfeito, à parte a dificuldade. É incrivelmente gratificante dar porradas em ratos ou desviar de obstáculos. A inventividade das fases, tão diferentes entre si, é assombrosa. Os gráficos são divertidos – e a estética space heavy metal é tão-ruim-que-é-boa. Pena que não teve descendentes. Nenhum dos jogos posteriores da franquia (e nem mesmo os ports do jogo original) chegam perto da obra-prima que é “Battletoads” – não à toa ele é o primeiro PIXEL DAS GALÁXIAS deste Pouco Pixel.
(Toda semana um jogo FODA ganha o PIXEL DAS GALÁXIAS, a maior premiação da internet mundial depois do Troféu Imprensa.)