FIFA 98: Road to World Cup
Tudo o que você acha da série “FIFA” se deve a “FIFA 98”. Então, fifeiros, rejoice! O maior “FIFA” de todos os tempos é o assunto da finalíssima desta gloriosa série Futebit! #chupaPES
Nenhum craque nasce campeão. “FIFA 98” teve gênese arduamente preparada, numa saga que começa dois anos antes, em “FIFA 96: Virtual Stadium Soccer”, o terceiro jogo da série. Ao contrário de oferecer a tradicional – e incômoda – visão isométrica do gramado, “96” entrava no mundo 3D. Bem, não exatamente. A tal engine “Virtual Stadium” lidava com os bitmaps de sempre só que numa simulação de tridimensionalidade, mais ou menos no estilo de “Doom”:
Mais ainda, “96” trouxe narração jogada-a-jogada (pelo lendário narrador inglês John Motson) e, finalmente, os nomes reais dos jogadores! Substituição: saem Janco Tianno e Rico Salamar, entram os astros da Copa do Mundo de 94: Bebeto, Romário, Roberto Baggio, Batistuta, Hagi. Uau!
No ano seguinte, a EA Sports lançou “FIFA 97”, desta vez realmente com gráficos poligonais em 3D. Pense assim: “96” é como “Doom”, “97” é como “Quake”. Mas é visível que o pessoal da EA ainda não estava confortável com a nova tecnologia. Um minuto de jogo e fica insuportável controlar os atletas virtuais de “97” – parecem mais robôs enferrujados, tal a dureza dos movimentos e a lentidão do gameplay. Horrível, um fiasco… mas relevemos. Valeu como treino.
A obra-prima viria logo em seguida: “FIFA 98: Road to World Cup”, a mais ambiciosa empreitada da EA Sports até então. Vou colocar em bolotas porque o bagulho é doido:
- 172 seleções nacionais – todas as inscritas na FIFA naquele ano;
- 16 estádios de todo o mundo (entre eles, o Maracanã);
- 189 clubes de 11 ligas (a brasileira estava lá);
- Modo de edição de times e jogadores: skills, nome e até características físicas podiam ser customizadas!
- A possibilidade de jogar as Eliminatórias para a Copa do Mundo, que seguiam o calendário oficial;
- Modo indoor, para aquele showbolzinho básico;
- E o mais importante: a música tema, “Song 2”, do Blur. WOOO HOOO! (Uma música bacaninha na introdução se tornaria marca registrada de toda a série.)
Além dessa absurda lista de recursos, “98” trazia uma melhoria notável na jogabilidade. Nada de ficar controlando o homem-de-lata: os jogadores 3D têm movimentos fluidos, são ágeis e capazes de driblar, passar e chutar com naturalidade. A visão câmera é confortável, os controles respondem bem e a inteligência artificial até que não fede tanto. Resultado: “FIFA 98” era uma delícia de jogar – e até parecia futebol! Como voltar para os bitmaps esticados do “96”, para os robôs do “97”… ou para o PINBALL LUNAR do “FIFA International Soccer“?
“FIFA 98” foi tão perfeito que, a partir dele, o futebol de videogame começa a perder a graça. Nada de juízes cachorros e jogadores com poderes quase infinitos. Ou de barrigudos de bigode jogando aquela pelada antes do churrasco. Os anos 2000 fariam com que os jogos de futebol, lançados todo ano, às vezes todo semestre, fossem obrigados a atingir uma perfeição quase insuportável. “PES 2015”, creio eu, chega a ser melhor que o futebol de verdade.
Por favor, tragam a tosquice de volta.
O inevitável clipe
Quando as palavras acabam, começa aquele vídeo manjadão. Fiquem com grandes jogadas de “FIFA 98”, ao som da trilha imortal de Blur. WOOO HOOO!
E nem tudo é tão perfeito assim